Primeiras consultas se dedicam a repensar hábitos e investir em exames para diagnóstico precoce.
Não existe uma idade certa para iniciar o acompanhamento com o geriatra. Apesar da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da Sociedade Brasileira de Geriatria (SBGG) definirem como idoso as pessoas com mais de 60 anos em países em desenvolvimento (como o Brasil), e maiores de 65 anos nos países desenvolvidos, é indicado procurar o profissional antes dessas etapas.
“A idade ideal para iniciar um acompanhamento geriátrico seria em torno dos 50 anos, quando damos início aos programas de prevenção. Isso tanto do ponto de vista de exames que visam diagnósticos precoces, quanto de orientações relacionadas a hábitos e estilo de vida”, esclarece Eduardo Fregolente, médico e coordenador da equipe de geriatria do Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo (SP).
Segundo o geriatra, todo o programa de prevenção de enfermidades pressupõe três pilares: exercícios físicos, alimentação saudável e, claro, sociabilidade. O ponto chave seria estimular todos antes do envelhecimento ou do aparecimento de doenças crônicas.
“Sempre é tempo de se tornar mais saudável. Inclusive, a mudança de estilo de vida é considerada tratamento para doenças com hipertensão arterial e diabetes. Assim, mudanças devem ser estimuladas”, acrescenta.
Interação social
A interação com pessoas de outras idades é importante para a saúde física e emocional de quem tem mais de 60 anos. “A literatura científica mostra que o contato intergeracional frequente faz idosos apresentarem menores riscos de doenças como depressão, transtorno de ansiedade e até Alzheimer”, ressalta.
Nesta última, a perda de memória vem acompanhada de sintomas comportamentais como irritabilidade, confusão mental e alteração de sono. “Idosos estimulados adequadamente e que têm a presença de familiares por perto apresentam melhor controle destes sintomas. Em outras palavras, embora não possamos evitar ou curar o Alzheimer, a interação social é relevante no tratamento”, decreta.
Como a população madura é heterogênea, tal diversidade se reflete nas queixas mais comuns levadas ao geriatra. Doenças prévias e o momento de vida atual acabam por pautar as primeiras consultas com o profissional.
“Um ponto em comum é a percepção das mudanças que são próprias do envelhecimento. Dificuldades físicas e mentais que anteriormente não existiam e que agora ficam aparentes”.
Muitas dessas queixas, entretanto, podem ser evitadas com o acompanhamento precoce. “Conseguimos não somente prevenir doenças como câncer – de pulmão, mama, próstata e intestino – mas também diabetes, hipertensão e outras”, garante.
Além disso, é possível sensibilizar sobre o processo natural do envelhecimento. “Conscientizar que a terceira idade não é a fase anterior à morte, mas um momento com desafios, aprendizado, superação e crescimento, assim como as outras fases da vida”, finaliza.