Conecta 60+

O amor não tem idade

O amor não é uma exclusividade da juventude

Por que insistimos na versão jovem do amor? Onde mora o preconceito?

O amor tem idade? A intensidade do amor muda com o envelhecimento? Em uma entrevista no programa Sangue Latino, o jornalista Eric Nepomuceno pergunta ao escritor Pedro Juan Gutiérrez, fazendo uma conexão com o livro de mesmo nome, do poeta Juan Gelman: “o amor que serena, termina?” – e ele responde de uma forma muito emocionada dizendo que, aos 62 anos, ele não acreditava em amor sereno. Que para ele o amor é como um bolero contínuo.

É bonito ouvi-lo falando sobre o amor, mas por que será que não enxergamos o amor com naturalidade enquanto envelhecemos? Por que insistimos na versão jovem do amor? Onde mora o preconceito?

Fizemos essa pergunta tempos atrás nos canais digitais do Conecta 60+ e tivemos respostas interessantes, destacando que quanto mais o tempo passa, mais condicionamos o amor com a cumplicidade. As respostas oscilaram desde que o amor é a melhor companhia até que o amor precisa ser sereno – ao contrário do que defende o escritor Pedro Juan Gutiérrez. Mas independentemente do tipo ideal de amor para cada pessoa, por que muitas vezes não o relacionamos com a maturidade?

Porque ainda estamos acomodados numa versão decorrente de um tempo que não se conversava sobre sexualidade aliado à falta de entendimento sobre as alterações hormonais na menopausa e andropausa, o que nos faz, erroneamente, resumir a vida sexual a partir dos 60 anos como não existente e, como se não pudesse piorar, além de acabarmos com a possibilidade do prazer físico, ignoramos a necessidade do carinho, do afeto, do companheirismo e até mesmo da oportunidade de novas relações enquanto envelhecemos.

O amor maduro é diferente do amor jovem?

Gigi Jardim, produtora executiva da Radio Stay Rock Brazil, no auge dos seus 56 anos, é certeira quando diz que “não somos mais felizes no amor porque somos jovens ou somos mais equilibrados no amor porque estamos mais maduros. A beleza do amor está na subversão de tudo que pode parecer coerente”. Gigi se casou aos 50 anos da maneira como sempre sonhou e diante de um amor que chegou de uma paixão arrebatadora, com uma intensidade mais consistente do que espalhafatosa. “Um amor adulto”, completa. Depois de um relacionamento que durou 17 anos, Gigi afirma que é muito diferente amar aos 50 que aos 20. “Aos 20 você tem anseios e sonhos de realização compartilhada que mudam significativamente aos 50. Geralmente, aos 50, a gente se preocupa todo dia em viver as melhores experiências possíveis e o medo da ‘degustação’ é paradoxalmente menor, já que a gente não vai querer esperar 20 anos para fazer alguma coisa. A gente gosta, quer estar junto e então faz tudo junto! Existe mais certeza depois dos 50 e, no meu caso, muito menos medo. Na prática, se faz tudo que qualquer casal de 20 anos faz, exceto o amor. O amor, aos 50, se faz sem pressa.”

O amor não é uma exclusividade da juventude

Ainda que na ficção estejamos mais abertos a aceitar o amor na maturidade, precisamos ampliar esse olhar para o nosso dia a dia sem carregar os tabus sociais que, além de não fazerem sentido algum, impedem que vivenciemos uma fase importante da vida de uma maneira mais leve e gostosa. O amor não é uma exclusividade da juventude e como bem disse Gigi Jardim, “a idade até pode ser um estado de espírito, mas o amor é atemporal e transcendental. Quanto mais maduro é o amor, menos arestas a gente tem para aparar. Suavidade e tranquilidade é tudo aquilo que a gente deseja na vida, a vida toda. E, geralmente, só acontece depois dos 50”.

E você, como enxerga o amor na maturidade?

[Essa matéria teve participação da Gigi Jardim, 56 anos, funcionária pública municipal em São Paulo, produtora executiva da Radio Stay Rock Brazil e das bandas Made in Brazil e Crom]

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