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Sem enxergar diversidade de hábitos, indústria da moda restringe homens maduros às roupas sociais

Sem enxergar diversidade de hábitos, indústria da moda restringe homens maduros às roupas sociais
[por Leonardo Dalla Valle]

Consumidor 60+ prioriza estilo próprio aos modismos passageiros, relatam entrevistados.

A indústria da moda ainda apresenta dificuldades em lidar com os consumidores maduros. De todos os gêneros, contudo, o segmento masculino é o mais invisível.

 “Se você escrever ‘moda 60+’ em um site de buscas, aparecerão somente mulheres. Ao adicionar a palavra ‘homem’, encontrará, quando muito, roupas sociais. Não irá além disso”, relata Hélio Bertolucci Jr., de 55 anos.  

Ao contrário do que muita gente pensa, contudo, o homem maduro pode ter interesse no assunto, ainda que de modo diferente dos jovens. “Antes, comprava influenciado pelos modismos da mídia, hoje mantenho meu estilo”, analisa Jr.

“Ainda assim, penso que seria uma ótima ideia um influencer ou publicação direcionada para nossa idade”, garante.

Estética madura

Algumas marcas e estilistas, porém, já começaram a se atentar – ainda que de forma tímida – ao homem maduro com um consumidor de hábitos diversos. Assessor de imprensa e coordenador de projetos das indústrias têxtil e de calçados nas décadas de 90 e 2000, Walter Gianini viu sua vida mudar ao ser convidado para ser um “modelo maduro” nos dias de hoje.

A oferta veio de uma agência que decidiu oferecer mais diversidade aos seus clientes. Hoje, aos 57 anos, ele trabalha fazendo desfiles e ensaios fotográficos.

“A mensagem que precisa ser entendida é que a estética da pessoa madura pode ser interessante, bonita, atraente e chamar atenção”, opina.

Se nas passarelas e nas campanhas publicitárias o homem maduro ainda luta para ser visto como consumidor, o problema se mantém no varejo.

“Certo dia, estava comprando meias coloridas e a atendente perguntou se era presente para alguém. Não passou pela cabeça dele que eu uso esse produto também”, compartilha Batista. 

Diferentes estilos

Para Gianini, a moda reflete o comportamento e o dia a dia de cada pessoa. E isso não muda com o passar das décadas.

“Claro que o maduro não quer cair no risco de parecer adolescente. Geralmente, eu descubro lojas que vendem peças que são a minha cara, e faço combinações. Isso não me impede, porém, de usar um ou outro item mais descolado”, conta.

Jr concorda. “O skastista e o surfista quando envelhecerem talvez usem os mesmos estilos das suas trajetórias. E se eles se sentem bem assim, é o que importa”, reflete ele, que se considera “básico”. 

 “Sempre fui da camiseta e jeans. Gosto, por exemplo, de comprar em lojas de departamento, em que eu possa circular por todos os setores”, assinala.

O cabeleireiro Nelson Batista, 62, considera seu estilo singular. Tanto que, nos dias de hoje, ainda mantém o hábito de garimpar peças em brechós.

 “O motivo é que você pode encontrar roupas únicas e com boa qualidade. Nos grandes magazines, você corre o risco de comprar algo e se deparar com alguém vestindo a mesma coisa em uma festa”, explica.

Trabalhador do setor de beleza há décadas, Batista enxerga em homens e mulheres 60+  um maior temor em apostar em tendências e novidades. Isso, contudo, não é regra, como mostra Gianini.

“Posso dizer que descubro algo novo a cada dia”, garante.

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