Quais são as mulheres da ficção que inspiram as mulheres da vida real?
Muitas vezes listamos as escritoras do século, da década, de todos os tempos. São muitas. Dá orgulho de ver, de ler, de comentar, de recomendar. Cada mulher é um universo e a literatura permite com que experimentemos esses “mundos” de maneira muito peculiar. E para ampliar essa experiência e diferentes olhares, listamos algumas personagens maduras. Nem sempre elas existiram na realidade, tão menos foram escritas por outras mulheres ou por mulheres maduras, mas todas elas nos conduzem para uma narrativa interessante, uma longevidade de mistérios e inspirações.
Vamos à nossa lista de personagens maduras e incríveis:
Doris Alm, 96 anos: é personagem do livro “A Caderneta de Endereços Vermelha”, da escritora Sofia Lundberg. Doris guarda em sua caderneta vermelha o contato de todas as pessoas que já passou pela sua vida e junto desses contatos ela narra lembranças desde sua infância através de cartas que escreve para sua sobrinha-neta. Impossível não se emocionar com as dores, desencontros, amores da senhorinha de 96 anos.
Um trechinho [sem spoilers]:
“… as lembranças que guardamos da maioria das pessoas tendem a esmaecer com o tempo. Não que desapareçam ou não signifiquem mais nada. Mas aquela sensação de perda e pânico pela ausência torna-se opaca e acaba sendo substituída por algo ligeiramente mais neutro. Algo com que de alguma forma se pode viver…”
Norma Lúcia, 68 anos: é a misteriosa e intrigante personagem do livro “A Casa dos Budas Ditosos” de João Ubaldo Ribeiro. Ubaldo faz uma nota inicial no livro dizendo que recebeu em sua casa uma caixa de fitas K7 da própria “Norminha” narrando suas aventuras sexuais no decorrer de sua vida e o mistério sobre a existência da personagem existe até hoje, o que torna o livro ainda mais interessante. O livro foi lançado pela coleção “Plenos Pecados” da editora Objetiva e, como não poderia ser diferente, o pecado da Luxúria ficou por conta daquela que afirma, com toda convicção, que toda pessoa é seduzível pode ser corrompida pela oferta do prazer. O feminismo e a versão estereotipada da mulher intercalam nas confissões de Norma e ela diverte e assusta na mesma intensidade. O livro teve tanto sucesso que foi adaptado para o teatro com a atriz Fernanda Torres dando “vida” à personagem.
Mais um trechinho [e também sem spoilers]:
“… A vida devia ser duas; uma para ensaiar, outra para viver a sério. Quando se aprende alguma coisa, está na hora de ir…”
Avó, de 77 anos: é personagem [que não tem nome] do livro “Minha avó pede desculpas” de Fredrik Backman conta a relação de amizade entre avó e neta, que invade um zoológico e assusta os vizinhos para ver a neta feliz. Com a morte e as cartas deixadas pela avó, a neta começa uma aventura em busca de um tesouro e a jornada da neta, de apenas 7 anos, é criada pelo universo de fantasia deixada pela avó. Para ler e deixar o coração quentinho!
Para escrever no bloquinho de notas:
“É estranho como o amor e o medo vivem tão perto um do outro”
D. Anita, de 89 anos: é personagem do conto “Feliz Aniversário” do livro Laços de Família, da Clarice Lispector. D. Anita é uma mulher observadora, que é vista como alguém “alheia” ao que acontece ao redor, mas ao mesmo tempo a narrativa denuncia a impaciência dos familiares em relação a ela, enfatizando a pouca importância dela no núcleo familiar. Um conto que provoca a reflexão de como as relações familiares podem ser doloridas.
Um trecho-recado da grandiosa Clarice Lispector:
“É preciso que se saiba. Que a vida é curta!”
E vocês, quais personagens de mulheres maduras da literatura vocês recomendam? Conte para gente!