“Ilusão de que jovens são menos vulneráveis ao coronavírus pode barrar contratações de idosos até a vacina”, prevê pesquisadora
Cada vez mais requisitadas no mercado de trabalho, as habilidades socioemocionais são, justamente, vantagens do profissional maduro frente aos mais jovens. “Vindos de uma geração com educação familiar mais rígida, os baby boomers possuem um rico repertório comportamental, incluindo maior resiliência e tolerância à frustração diante dos reveses da vida. No contexto organizacional, tornando-se mais persistentes, perseverantes e pacientes em momentos de pressão e tensão”, compara a professora de Psicologia Organizacional e do Trabalho, da Uniderp, Giuliana Elisa dos Santos.
“Ao comparar o comportamento da equipe jovem com o dos mais velhos, percebe-se que os primeiros ainda precisam desenvolver a paciência. Costumam ser imediatistas, ansiosos e não tolerantes diante das dificuldades encontradas”, acrescenta Santos.
Consequentemente, servem de exemplo positivo para profissionais com menor bagagem, como aponta a administradora de empresas e pesquisadora, Keila Oliveira. “Sua experiência resulta em grande facilidade para diagnosticar problemas ou se antecipar aos mesmos”, resume.
Dedicação, disponibilidade de tempo e compromisso também são fatores que chamam atenção dos empregadores. Oliveira aponta que os veteranos costumam desenvolver um sentimento de associação à empresa, esforçando-se para alcançar melhores resultados. “Há ainda maior disponibilidade de horário, pois não terão filhos pequenos reuniões escolares ou licença-maternidade. São fases que esses profissionais já passaram”, acrescenta.
Para completar, profissionais na terceira idade costumam se atualizar em relação às novas tecnologias. “Hoje, percebemos, mais do que nunca, uma corrida de atualização dos mais velhos no mercado de trabalho, que o mindset é digital. Dominar as novas tecnologias é questão de sobrevivência para quem busca ser reconhecido profissionalmente e desejado”, finaliza.
Reflexos da pandemia
Segundo Oliveira, contudo, as empresas brasileiras praticamente não tem política de recursos humanos (RH) para reter o qualificar profissionais idosos. “Especialistas em RH relatam dois tipos de profissionais: os com boa renda e qualificados, que consequentemente dispõe de maior liberdade de escolha, e aposentados que precisam complementar a renda, que podem demorar a encontrar um trabalho”, explica.
“Ao perceber essa necessidade e dificuldade, surge o interesse em ingressar em uma nova formação superior. De acordo com o Ministério da Educação (MEC), houve um aumento de 40% no número de idosos que ingressam na faculdade nos últimos dois anos”, enfatiza.